09 nov O Design pois, pois pois.
No último ano, tive a oportunidade de fazer intercâmbio na cidade do Porto, em Portugal. Embarquei nessa aventura em Setembro de 2014 e retornei em Julho desse ano. Por lá, estudei na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e, sem dúvida, foi uma experiência muito além do que as pessoas puderam acompanhar.
Conheci modos de viver, cultura, pessoas, dizeres e manias dos Portugueses e de outras nações. A referência visual e prática que ganhei também foi muito vasta. De um simples ladrilho de uma calçada, aos pôsteres de grandes eventos que ocorriam na cidade, foi lá, na terra dos pasteizinhos de Belém, que recebi uma enxurrada de informações, tanto na minha área de designer, como para a vida.
Não fazer comparações com a vida no Brasil é inevitável. O modo de viver, como o trabalho funciona na prática, como aprendemos de forma acadêmica, os trabalhos exercicidos, os elogios e as criticas recebidas. Enfim, tudo isso fez minha mente expandir de uma forma que eu não imaginava.
O design português contrasta com o conceito de uma nação antiga e pioneira na navegação como Portugal, pois trabalha com uma linguagem futurística e minimalista ao extremo, perceptíveis em cartazes e artes enigmáticas que estão repletas de referências abstratas e desconstrutivistas. Há uma preocupação constante em transmitir algo contraditório, que nos faz parar, observar e refletir o que cada arte tem a dizer. Algo cultural e vicioso, visto em grandes proporções pela cidade.
Durante a minha estadia em Portugal, foi lançada a nova identidade visual da cidade de Porto, que ficou famosa e altamente elogiada no mundo inteiro. O Estudio White, vencedor da campanha, fez diversos testes de aplicação e extensa pesquisa nos elementos icônicos da cidade e do cotidiano portuense para chegar a um resultado final simples, icônico e com uma linguagem moderna e de fácil entendimento.
Também foi muito interessante aprender o modo como eles trabalham a questão da parte de pesquisa e criação de peças gráficas, sempre focadas no ver artístico, com longos prazos de execução, muito diferente do que aprendemos nas faculdades no Brasil. Aqui temos uma tendência mais voltada ao marketing publicitário, o que, de acordo com a opinião dos professores portugueses é uma referência praticamente global.
É curioso ver também que os colonizadores hoje tentam ser colonizados pela nossa cultura. Não apenas na publicidade audiovisual, mas também nos conceitos, referências musicais e gastronômicas. Morando lá, vi o quão ligado Portugal é com o Brasil, mas, infelizmente não temos essa proximidade recíproca. Porém, sem dúvidas, seria uma troca de experiências e referências que poderíamos usufruir muito, principalmente na questão mais artística do design.